domingo, 27 de setembro de 2009

Sunn-day Madness!

Vamos estrear as madnesses com foto de artista, para desenfadar os meus posts e compensar a ausência de fotografias de concerto da Sara. ( Ela vai a Geneva Jacuzzi, por isso deve estar para breve um post mais colorido. )

Desta vez apanham com música que se ouve para lavar roupa à mão. Não esperem cantadeiras nem american primitivices. Hoje há:


Buffalo Springfield - Expecting to Fly
Primeira colaboração entre Neil Young e o grande Jack Nitszche. O último escreveu o invulgar arranjo de cordas para esta malha do segundo álbum de Buffalo Springfield.
Não é uma raridade das que se tenta pôr aqui às segundas feiras, mas é uma pérola domingueira, cheia de pathos young-iano.



Human Bell - A Change in FortunesProjecto de David Heumann , dos Arbouretum, e Nathan Bell, ex-Lungfish. Como qualquer projecto que respingue dos Lungfish, é épico e extático. Tenho especial carinho por isto, dado que são duas guitarras a revelarem toda a estrutura das músicas ( coisa que ando a tentar fazer na minha banda, Häsqvarna ). A coisa é simples: harmonia, harmonia, cânones, e uma escolha de riffs de pendor pomposo mas imaginativos, para saciar os que se chatearam com a preguiça criativa dos Earth no último album. O disquinho já tem mais que um ano, mas é jóia eterna.
( agora a fotografia, pá... )



Zomes - Clear Shapes
Por associação temática, tem que ficar aqui uma faixa do projecto a solo de Asa osborne, também ex Lungfish ( e Pupils ). Loop-a-rama de guitarra, órgão, e um léxico melódico que é obviamente quasi-religioso. Acho muito bonita a instrumentalização do lo-fi para esta rarefacção texturada, que contribui à brava para todo o feeling haiku do álbum. É inevitável encontrar aqui referências aos imaginários da retrospecção ( hauntologia, hypnagogia, saudosismo da imagem granulosa e da fita magnética gordurosa ), mas felizmente, a melodia húmida ainda precede isso.



Eric Copeland - Corn on the Cob
O senhor Black Dice faz música muito bonita, mas aparentemente complicada. Junto com os Tropa Macaca e outros que tais, isto está cá para nos ensinar a dançar e para chegarmos à conclusão que não há complicação: há sempre surpresa no corte e costura, mas uma obrigatória sensação de óbvio ( o sample a isso obriga ), uma fisicalidade imediata e transcendente de tão intuitiva. Os seus nacos rítmicos e melódicos são menos soundbite que os de Black Dice - parece que há uma paródia à Composição, ao Verso. Mas a sério a sério, é que é novo e nuclear numa hipótese de história da música desta década.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

weednesday madnesses 10 / 11 / 12

como por aqui por casa se ouvem e tocam cordas, oferece-se hoje um post de três faixas de instrumentos de cordas.

wednesday madness #10
GATE - Wail

esta faixa é retirada do cd "the wisher table", gentilmente oferecido pelo michael morley - um terço dos dead c.
O concerto de lisboa em junho não foi metade do potencial que esta música tem.
E hoje, primeiro dia de céu cinza e trovoada lisboeta, aconchega-se bem no ouvido a agrura desta guitarrada.
O trabalho resulta de loops pré gravados via mac, loops ao vivo saídos de guitarra com fuzzzzzzzzz, uma voz arrastada e anódina, e, por vezes, a delicadeza extática de um e-bow.
Música tramada.

wednesday madness #11
Khamis El Fino
Oud, tocado por Khamis El Fino. O Oud é o precursor do alaúde - não investiguei, mas concebo que tenha sido trazido para o Ocidente durante a presença muçulmana desde o início da idade média. É um instrumento fulcral para a música árabe, e é tocado com uma pena de águia ( tomem lá o pai da palheta ), e o braço não tem trastes, dado que a escala árabe tem escalas de vinte e quatro quartos de tom. O que isto quer dizer é que esta música é muito, muito rica em termos melódicos. O público árabe aplaude o músico que consiga transitar de escala para escala com a maior subtileza.
Impressões técnicas à parte, resta dizer que a música é sem dúvida rica, e que ganha, para um ouvido nascido ocidental, a inevitável estranheza que a despoja de qualquer sensação de tradição ou enfado.

wednesday madness #12
Jean Paul Pickens - Shady Grows
Banjo sacado de um álbum de 60's reeditado pela locust. "Intensifications" tem um lado de guitarra ( Gene Estribou ) e outro de banjo ( JP Pickens ).
malhas destas em 1960 deviam ter o seu valor acrescido por destoarem de uma tradição de música folk bem avessa a estas investidas emocionais nas cordas de um banjo. E hoje também está tudo bem.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

me likes what i likes


um gajo gosta do que gosta, especialmente quando é tão bom.
uma boa maneira de começar a folga e desenhar um bocado.
me likes what i likes, especially when it's so stone-good.
a good way to start a day off the proper work and draw some.